24 de outubro de 2014

Baby steps

Mudanças terminadas - check!
Novo lar arrumado e organizado - (quase) check!

Raios, já disse que odeio mudanças? O vai-vem de caixotes deu-se por terminado, finalmente. Casa velha limpa e chave pronta a ser entregue, casa nova pronta para a festança! Ter um novo lar é sempre uma animação nos primeiros dias. Demora-se meia hora a encontrar a nova gaveta dos talheres, dar com os novos locais dos interruptores na escuridão é missão impossível, os gatos veem-se completamente desorientados quando descobrem que a caixa de areia não está no sítio do costume. Mas mais estranho que memorizar os locais novos de cada objeto é dar comigo a viver sozinha pela primeira vez.

Desta vez não há amigos de faculdade, nem namorado. Apenas eu e os gatos. É um sentimento estranho, um misto de liberdade para andar pela casa em cuecas e um toque de nostalgia por não ter quem me pergunte como correu o trabalho quando chego a casa. A decisão deste passo foi minha, logo os dias em que dou graças por ter seguido este caminho são superiores aos que pergunto se não terei feito mais uma burrice à la Inês. Mas a cabeça não é de ferro e de vez em quando lá surgem dias realmente difíceis. Seria mais fácil voltar atrás e deixar tudo como estava? Sem dúvida. Tirando o pequeno pormenor de não me estar a sentir plenamente feliz há vários meses.

Agora estou. Na maioria dos dias. Viver sozinha tem algumas vantagens, sendo uma delas poder fazer o que quiser sem pensar no que os outros poderão pensar. Vou sendo feliz com os meus guilty pleasures que finalmente posso aproveitar a cem por cento. Por muita confiança que tenhamos com as pessoas com quem partilhamos o nosso espaço, há sempre algo que só nos sentimos totalmente confortáveis a fazer longe de olhares alheios, seja cantar a plenos pulmões aquela música do Anselmo Ralph que dizemos odiar, seja ver o "The Notebook" com lágrimas nos olhos pela milésima vez. E viver sozinha é isso mesmo, dar por mim a ter pequenos momentos de felicidade como dançar o "Shake It Off" da Taylor Swift enquanto mexo a panela do jantar, devorar os programas mega interessantes do TLC, ou chorar baba e ranho após passar meia hora no YouTube a ver vídeos de cães que veem os donos militares pela primeira vez após anos de separação. Estes são exemplos de pequenos tesouros e momentos de felicidade que se vivem quando estamos sozinhos. Ou quando se é uma pessoa parva como eu, serve para os dois casos. Mas no fim do dia são estes momentos que me fazem ter a certeza que estou no caminho certo. And that's all that matters.