Já me tinha esquecido quão exaustivo é fazer mudanças. Encaixotar quase três anos de vida dá uma trabalheira do caraças. Por mais caixotes que pedinche no Lidl da esquina ou roube no meu local de trabalho, parece não existir papelão que chegue para guardar tanta coisa. É incrível a quantidade de tralha e tarecada que se consegue acumular ao longo do tempo. E eu que pensava ter uma casa organizada.... vai-se a ver e após abrir gavetas e armários acabei com um apartamento digno de aparecer no "Hoarding: Buried Alive"!
Pior, já me tinha esquecido quão exaustivo é fazer mudanças sozinha. Uma pessoa fala em jantarada e aparece logo uma dúzia de esfomeados interessados no convite, fala-se em acartar caixotes como se não houvesse amanhã e puff! Ficamos sozinhos no mundo. Esqueçam o velho ditado. Os amigos são para as ocasiões sim senhor, exceto se a tal ocasião implicar levar caixotes de 20kg de um lado para o outro, escadas incluídas.
E depois vem a parte de organizar tudo de novo. É tirar do caixote e arrumar. Tirar do caixote e arrumar. Repetir o processo infinitamente. A alternativa seria deixar meia vida arrumadinha nos ditos e viver rodeada de caixinhas e caixonas. Davam um toque de decoração moderna à casa e até poderiam servir de banco ou apoio para pés. Mas como a casa é pequena e não me apetece arriscar partir o nariz ao tropeçar num bocado de papelão, lá tenho de passar todos os bocadinhos livres a arrumar pratos ou toalhas de rosto. Lá para 2016 devo ter tudo no sítio. Da última vez jurei que não me metia nestas andanças tão cedo. Claro. Três anos, três míseros anos e lá estou eu a caminhar neste mundo das mudanças outra vez. Desta vez não vou jurar nada. Pode ser que assim me livre deste inferno durante, sei lá.... quatro anos.
